CRÍTICA
Apreciação de Dina Carvalho Aparício, professora de Língua Portuguesa do ensino secundário e mestranda e Literatura e Cultura Portuguesas
Esta é apenas uma das belíssimas passagens da obra “O GATO DE UPPSALA”, de Cristina Carvalho, aquilo a que passei a chamar um “antídoto para quem não gosta de ler”… Sim, porque, depois de se ler ou ouvir ler este livro é impossível não ficar com o coração a pedir por mais!
Comprei-o ontem e comecei a lê-lo na fila da caixa da livraria, enquanto esperava a minha vez para pagar. A sensação que tive foi que o tempo parou e o espaço desapareceu. De repente, eu já não estava ali, na livraria, mas dentro da história, envolvida pela cadência de uma linguagem poética e musical que nos faz levitar frase após frase, que nos embala magicamente num entrecruzar de peripécias e descrições de um visualismo surpreendente.
Tal como previa, tive de o ler de um sopro. Cansada, com os olhos já doridos do esforço, continuei a ler, sabendo que, mal apagasse a luz, teria de a acender outra vez, pois nunca poderia dormir descansada se não acompanhasse Elvis, Agnetta e o seu gato até ao desfecho da história.
Sobre a história em si, não vou revelar pormenores. Digo-vos que é, simplesmente, maravilhosa, que ora nos comove, ora nos faz rir, num misto de emoções que nos levam a pensar mais longe… Um livro com muita piada, com reflexões profundas sobre a existência, a vida e os homens. Um livro que abre horizontes e que incentiva a um diálogo intercultural e interdisciplinar – daí, constituir um dos tesouros do Plano Nacional de Leitura -, uma escolha sem par que, quando bem explorada, amplia o espaço de uma sala de aula e o transcende, permanecendo na memória de quem com ele contacta, alimentando um saudável sentimento de inquietude, o clique que nos move para a busca do saber.
Sabemos que é sempre difícil comparar obras literárias, mas posso dizer-vos que, como leitora e professora de Português, O Gato de Uppsala destronou, no “Top +” da minha preferência O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá – Uma história de amor, de Jorge Amado (que adoro e venero) e O Cavaleiro da Dinamarca, de Sophia de Mello Breyner Andresen (que também adoro e venero), precisamente porque conseguiu a proeza de reunir o que ambos têm de melhor e chegar um bocadinho mais além.
Não deixem de o ler e apresentem-no aos vossos amigos e alunos! Uma leitura inesquecível e enriquecedora. Literatura pura!
A AVENTURA DAS PALAVRAS – BLOGUE DA BIBLIOTECA DA ESCOLA EB 2,3 VISCONDE DE CHANCELEIROS Novo
Cristina Carvalho escreveu um pequeno, mas maravilhoso livro para pequenos leitores e também para crescidos.
É uma história de uma ternura entre um rapaz e uma rapariga. É uma história sobre o crescimento e as esperanças que todos transportamos. É uma história intemporal que nos dá um retrato encantado da natureza, dos bosques da Escandinávia, do modo de vida e de um gato.
É ainda a história da concretização de um sonho, o seu individual de conhecer um famoso barco, O Vasa, mas acima de tudo o sonho de ser feliz. Um Grande livro. LER MAIS
RADIO UNIVERSITÁRIA DO MINHO – Novo
Crítica de António Ferreira, no programa Livros com RUM, da Rádio Universitária do Minho
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Cristina Carvalho
Sextante
2009
128 págs.
€16
Narrativa Uma história de amor que se cruza com a História da Suécia.
Que as histórias são muito mais do que narrativas, do que sons e imagens que nos ocupam a imaginação enquanto ouvimos ou lemos o recitar colorido das palavras intuíamo-lo há muito. Mas uma coisa é sabê-lo, outra senti-lo a vibrar em nós… ou a ronronar, se a escritora e o seu gato não levarem a mal. A fantástica capa (e contracapa) de Danuta Wojciechowska facilita a abordagem da narrativa: de certo modo, conta-nos em que cores e em que cesto o gato chamado Gato toma a palavra para se apresentar, antes de se tornar o gato de Uppsala. Apenas contesto – embora a compreenda no contexto – a frase promocional que aparece num círculo azul: “Uma história maravilhosa para todas as idades.” Entre o carácter maravilhoso e a magia há tanto em comum como entre o percurso e a viagem ou entre o convencional e o iniciático. E estas distâncias apenas aparentes entre o que se conta e o que é contado constroem toda a diferença nas idades em que o mesmo livro se lê, no que em cada idade é essencial e no que passou a supérfluo. Não me é dado avançar mais sem desvendar o que não devo, sob pena de tornar o romance de amor de Elvis e Agnetta muito menos do que representa na sua propositada e simples linearidade. Apenas me permito entreabrir algumas leituras que vivem dentro desta história. Por exemplo, o registo do mundo da infância e da idade do fim, das aves, dos peixes e dos ursos, das plantas que curam e das que matam, da violência boreal; mas sobretudo a viagem de aprendizagem, solitária, de Kiruna a Uppsala, até Estocolmo, e o regresso, em que a caminhada iniciática se sobrepõe à jornada ficcional. De olhos fechados e espírito aberto, os heróis deste romance refazem a viagem ao encontro do que sabem ter deixado intacto, perdido o grandioso Vasa num sulco de mar: o destino. Razão pela qual o novelo emaranhado da narrativa se organiza não em função de todas as idades mas desdobrando-se de idade em idade, de Kiruna até onde cada leitor puder e quiser ir.
Luísa Mellid-Franco
Ver recensão no jornal Público
http://www.slideshare.net/mrvpimenta/pgina-crianas7-03-09-pdf1asp
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