UM HINO À NATUREZA
Lisboa, 05 Mar (Lusa) – É de um gato sem nome, de uma história de amor e do naufrágio de um navio sueco que trata o novo romance de Cristina Carvalho, “O Gato de Uppsala”, que a Sextante acaba de publicar.
“Este livro é um hino à natureza, é uma história de amor entre um rapaz e uma rapariga, mas poderia ser entre uma árvore e uma rocha, ou um rio e uma montanha, ou areia e uma rabanada de vento – é uma história de amor entre seres que habitam o planeta”, disse Cristina Carvalho à Lusa.
Com ilustrações de Danuta Wojciechowska, o livro relata a viagem a pé que Elvis e Agnetta fazem desde a localidade sueca de Uppsala até à capital, Estocolmo, em 1628, para verem o mar e conhecerem uma das maravilhas do seu tempo, o navio de guerra Vasa, mandado construir pelo rei Gustavus II Adolphus.
Nessa jornada, são acompanhados por um gato, que acabará por salvar-lhes a vida quando o Vasa naufraga, na viagem inaugural.
Cristina Carvalho indicou que a história, que escreveu em apenas dois meses, lhe surgiu “por acaso” quando, em Outubro do ano passado, foi a Estocolmo, visitou o Museu Vasa e comprou o catálogo sobre o navio.
O protagonista da história é um gato “muito especial”, “assim meio-sabichão, meio-protector”, como se pode ver – referiu – “no desenho extraordinário que a Danuta fez para a capa”.
A escritora, de 59 anos e com quatro obras de ficção já publicadas, considera que, apesar de não ter pensado nisso quando a escreveu, esta é “uma história para todas as idades, uma história de iniciação à leitura”, “um romancezinho a partir do qual se pode explicar o mundo”.
Filha do poeta António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho, e da escritora Natália Nunes, Cristina Carvalho diz que esse facto não a tem necessariamente beneficiado na recepção da sua obra.
“Depende da boa-fé ou má-fé com que as pessoas estão: se estiverem de má-fé, essa é uma referência negativa, se estiverem de boa-fé, pode ser positiva, podem dizer ‘olha, realmente, ela é filha de tal e tem jeito, ou porque conviveu com ele, ou porque foi educada por ele'”, defendeu.
Mas – sublinhou – “hoje em dia, está cientificamente provado que há uma herança genética e da parte do meu pai eu herdei – e disso tenho a certeza absoluta – o amor pela natureza”.
“É um amor que é muito difícil de explicar, é uma coisa muito íntima, muito secreta… e eu penso que o consegui explicar n”O Gato de Uppsala'”, observou.
A ficcionista, para quem “escrever é um prazer, uma alegria, e não é nada trágico ou doloroso”, publicou anteriormente “Até Já Não é Adeus” (1989, Signo), “Momentos Misericordiosos” (1992), “Ana de Londres” (1996) e “Estranhos Casos de Amor” (2003), os três na Relógio d’Água.
ANC.
Lusa/fim
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